O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou nesta quinta-feira (13) que a Polícia Federal prendeu o núcleo principal dos desvios que atingiram aposentados e pensionistas em todo o país. A declaração foi feita durante coletiva de imprensa sobre a nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta manhã.
Entre os alvos da operação está o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, preso preventivamente pela PF. Os agentes também cumpriram mandados de busca e apreensão contra o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) e o ex-ministro da Previdência Social José Carlos Oliveira. A ação é resultado de investigações iniciadas após reportagens revelarem um esquema bilionário de descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões.
De acordo com o senador, todos os investigados vinham sendo monitorados pela Polícia Federal, e as operações desta quinta-feira representam um marco na apuração das fraudes.
“A PF prendeu o núcleo principal da quadrilha que tomou de assalto as aposentadorias brasileiras. Muitos dos que estiveram na CPMI sob habeas corpus agora terão de falar a verdade, ainda mais presos”, afirmou Viana.
O parlamentar destacou que o dinheiro desviado ainda não foi totalmente localizado, mas há indícios de que parte dos valores foi enviada ao exterior e outra parte está escondida no Brasil, convertida em bens e propriedades.
“O dinheiro sacado em espécie está guardado em algum lugar. Existem locais onde eles esconderam esses valores, inclusive em paraísos fiscais”, disse.
Segundo Viana, a CPMI e a PF identificaram três escalões de envolvimento nas fraudes. O terceiro escalão seria formado por operadores e laranjas responsáveis por movimentar e ocultar o dinheiro. O segundo escalão incluiria servidores públicos corrompidos, que garantiram a continuidade dos desvios ao longo de diferentes governos. Já o primeiro escalão envolveria políticos e autoridades que indicaram ou protegeram os envolvidos dentro da estrutura do INSS.
“Agora queremos saber quem indicou, quem nomeou e o que recebeu para que esse esquema continuasse funcionando — e de que maneira políticos foram beneficiados”, afirmou o presidente da CPMI.
O senador ressaltou que as investigações continuam em andamento e que novas prisões podem ocorrer nas próximas semanas. Ele confirmou ainda que há delações premiadas em negociação, mas sem detalhes por enquanto.
“Há pessoas dispostas a colaborar, mas só depois que as provas estiverem bem consolidadas é que essas delações poderão ser consideradas”, explicou.
Viana também destacou o papel da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Supremo Tribunal Federal (STF) no apoio às investigações.
“A operação de hoje mostra que estamos no caminho certo. Quando diziam que a CPMI não daria em nada, provamos o contrário. Nunca uma comissão prendeu tanta gente e deu tantas respostas ao povo brasileiro”, afirmou.
Por fim, o presidente da CPMI garantiu que o objetivo do trabalho é proteger os aposentados e reconstruir a confiança na Previdência Social.
“Nós vamos sair dessa investigação com uma Previdência mais forte e com os culpados presos, brasileiros ou não. O povo brasileiro merece respostas, e nós vamos entregá-las”, concluiu Viana.
Foto: Agência Senado




