Carlos Viana destaca independência da CPMI do INSS e defende transparência nas apurações

A CPMI do INSS, presidida pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), ouviu nesta segunda-feira (20) dois depoimentos que reforçaram a dimensão do esquema de fraudes em descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas. Foram ouvidos a advogada Tônia Andrea Inocentini Galleti, assessora jurídica do Sindnapi, e Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios Ambos são apontados pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) como participantes de um sistema que movimentou centenas de milhões de reais em cobranças irregulares. Os dois conseguiram habeas corpus (HC) no Supremo Tribunal Federal para que ficassem em silêncio em temas que poderiam incriminá-los.

Durante o depoimento de Tônia Galleti, o relator deputado Alfredo Gaspar (União–AL) apontou que familiares da advogada teriam recebido mais de R$ 20 milhões do Sindnapi. Tônia, filha do ex-presidente da entidade João Batista Inocentini, admitiu que empresas de parentes prestaram serviços ao sindicato, mas negou qualquer irregularidade. “Minha família trabalhou. Pode-se achar imoral, mas não é crime, porque havia trabalho”, declarou Tônia, que afirmou ter recebido 85 mil procurações de associados.

O presidente Carlos Viana classificou como “moralmente inaceitável” a movimentação de milhões de reais, em família, em entidades que deveriam proteger os aposentados. “Essa pessoa vem muito bem orientada para tentar nos convencer de que uma família que recebe de um sindicato mais de R$ 20 milhões agiu dentro da legalidade. Os contratos podem até estar certos, mas é moralmente inaceitável que um sindicato use recursos dos aposentados dessa forma”, afirmou o senador.

Já o ex-presidente da Amar Brasil, Felipe Macedo Gomes, optou pelo silêncio durante quase todo o depoimento, amparado por HC A atitude revoltou os parlamentares, e o relator anunciou que pedirá sua prisão preventiva.

A Amar Brasil teria movimentado R$ 143 milhões entre 2022 e 2024, e, de acordo com a CGU, quase 97% dos aposentados afirmaram não ter autorizado os descontos. Outras entidades ligadas ao mesmo grupo, como a Master Prev, Andiapp e Aasap teriam operado juntas um esquema que somou pelo menos R$ 700 milhões.

Mesmo em silêncio, Felipe Gomes foi alvo de questionamentos sobre doações eleitorais e relações com servidores do INSS. O relator apontou que ele e outros investigados mantinham vida de luxo, com carros esportivos e imóveis de alto padrão.

Viana reforçou que a CPMI seguirá ouvindo todos os envolvidos, sem exceções: “Nenhum investigado, por mais influência ou advogado caro que tenha, vai escapar do nosso trabalho. A CPMI é autônoma, e o Brasil precisa conhecer a verdade sobre o que fizeram com o dinheiro dos aposentados,”, finalizou o presidente Carlos Viana.

Foto: Carlos Moura/Agência Senado

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